segunda-feira, 12 de abril de 2010

G Amado

Quando o rosto dele se aproximou, pensou em responder de súbito, de uma vez, sem nem mesmo lembrar lhe: qual era a pergunta daquela resposta. Mas os lábios grossos eram mais rápidos, já jaziam ali, muito próximos aos seus; o cheiro do último cigarro já penetrava as narinas, misturado com seu perfume.
Era uma questão de tempo para beijá-la, a mão pressionava a cintura em direção ao corpo dele. E ela sentia aquela palavra, ali entre eles, cobrando um caminho, uma saída.

Quando cedeu o quadril sentiu o pênis tocar lhe de leve. No umbigo a umbigo, veio lhe uma risada, rir-se-ia dele deixando-o sem reação, sem saber o porquê, qual a razão daquela palavra, qual das perguntas responderia?!

A mão dele subiu pela cintura até as costas suprimindo lhe os seios contra o peito largo. Sentiu o desejo que transpirava, iam se beijar a qualquer instante, no próximo respiro.

Aquela única palavra, então, sufocava o peito. Desejava lhe tanto, queria beijá-lo sem mais, sentir a língua a brincar com os lábios com volúpia.

Mas antes diria! Era necessário, inevitável, derramaria a resposta nos lábios dele e ele saberia, assim de cara, naturalmente; a que pergunta aquela palavra respondia. E se beijariam.

Contraiu a língua com suavidade, sussurraria, abriu de leve os lábios e sentiu apenas o gosto molhado preenchendo lhe.



Renata Cirilo

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