quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

vida sobre trilhos



Televisores gigantes de led anunciam empreendimentos imobiliários, de telefonia e tudo que for comercial, alternando para orientações de como se portar nas enormes escadas rolantes. Médios televisores informam nas plataformas o tempo que o metro chegará; e pequenas telas, dentro dos vagões, oferecem noticias futeis da vida de artistas, notícias de novela; astros do futebol e curiosidades em geral.
Uma voz feminina ordena que você tome cuidado com o vão que há entre a plataforma e e a entrada os vagões dos trens ou metros. Te orienta não dar esmolas e repetidamente pede que tenha cuidado com bolsas, carteiras, celulares ou objetos de valor dentro das estações.
Desde a monarquia, o medo é utilizado para manter o povo controlado, mas naquela época o povo tinha medo do Rei e seus soldados, hoje além de termos medo deles, eles nos ensinam, pelos seus meios de comunicação, a termos medo entre nós mesmos.
Essa voz também me fala que a integração entre trens e metros é gratuita, sendo que temos que pagar para embarcar em qualquer um deles.
E mesmo não precisando pagar nas integrações entre trens e metros somos obrigados a passar por um monte de catracas internas, sem cobranças, que geram filas e desgastes enormes para o povo, todos os dias, mas não, catraca neles.
Engenheiros altamente qualificados por meio de um acesso hereditário, atuam em conjunto com um governo que se diz eficiente na gestão pública, mas que matou trabalhadores no buraco de pinheiros, não dão conta nem de fazer um fluxo de circulação inteligente para o povo.
Andréia, com seus olhos escuros semelhantes a quase totalidade da população capta as ondas espaciais pelas quais o corpo de Carlos navega em sua direção. Ele sentindo a vibração tira um dos fones do ouvido, atendo a qualquer situação, mas garantindo uma trilha sonora.
A próxima estação é anunciada em inglês, Carlos tem que descer, apesar de São Paulo ser uma das três maiores cidades do mundo, tem apenas 75 km de malha metroviária em comparação com outras cidades como Londres, Nova York ou Tókio que cada uma tem mais de 300 km. Andreia repete junto com a voz gravada"  ", nunca mais na vida verá Carlos.
A CPTM é uma velha senhora, ainda generosa, que por mais cansada integra Guaianases ao Grajau, Jabaquara à Perus, Capão Redondo, que ia de nada a lugar algum, até a Luz "pois estava escuro dentro do meu coração".